quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Estimulação física na doença de Alzheimer


O envelhecimento é um processo que provoca alterações em vários sistemas funcionais, que acontece de forma progressiva, irreversível e diferencia-se de um indivíduo para o outro (Antunes et al, apud Oliveira, 2010). As mudanças fisiológicas, morfológicas, funcionais, psicológicas e sociais que ocorrem no envelhecimento normal, diminuem a capacidade individual em manter uma vida ativa e saudável, influenciando o comportamento da pessoa idosa (Schmitz, 2011).
Segundo López apud Ribeiro e Paúl, 2011, a prática de atividade física está intimamente ligada a um envelhecimento saudável, sendo na inatividade que está a origem de muitas patologias, particularmente as que estão associadas ao processo de envelhecimento. Portanto, a atividade física melhora as funções orgânicas e cognitivas, garantindo maior independência e prevenindo as doenças (Antunes apud Oliveira et al, 2010).
Nos casos de demência, as perdas motoras são mais acentuadas e surgem precocemente (Schmitz, 2011). Em específico, na doença de Alzheimer a função motora é preservada na fase inicial, havendo o deterioramento físico que é predominante na fase mais avançada da doença (Idem). Com o passar do tempo a pessoa com Alzheimer sofre a redução da mobilidade, torna-se cada vez mais lenta, apresentando alteração do tónus muscular, rigidez e sinais de parkinsonismo (Scherder apud Schmitz, 2011). No entanto, acredita-se que estas perdas motoras possam ser estabilizadas com a prática regular de atividade física e, mesmo que não assegure o prolongamento da vida, garante o bem-estar no quotidiano da pessoa idosa (Schmitz, 2011).
A atividade física no doente com demência contribui para que o idoso continue independente, estimule as suas capacidades mental e física, gaste energia em excesso e encoraje o sono noturno, ajudando-o a levar uma vida normal, dentro do possível (Comissão Europeia e Alzheimer Europe, 2006). Deve-se optar por uma atividade que seja do agrado da pessoa, centrando-nos no prazer que lhe proporcionará e não no resultado final, como o passear; dançar; jogos de sociedade (cartas, dominó, loto, etc.); pintar; maquilhar; jardinar; cozinhar entre outras tarefas domésticas (Idem).
Quanto mais cedo forem iniciadas as atividades, mantendo uma constante prática, maiores serão os seus benefícios, que de entre muitos se destacam:
  • Aumento da quantidade de endomorfinas (promove o bem-estar);
  • Controlo do nível de açúcar no sangue (glicemia), prevenindo a diabetes;
  • Redução dos níveis de colesterol “mau”;
  • Diminuição da tensão arterial;
  • Aumento da qualidade e quantidade do sono;
  • Aumento da capacidade cardiocirculatória e respiratória;
  • Fortalecimento muscular;
  • Redução do risco de obstipação;
  • Atraso do aparecimento de alterações posturais, dores nas costas e artroses;
  • Melhoramento do sistema imunitário (maior defesa contra infecções);
  • Redução do risco de doenças como a obesidade, cancro do cólon e da mama, osteoporose, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas, entre outras;
  • Aumento da autoestima e o bem-estar em geral;
  • Alívio do stress;
  • Redução do risco de depressão;
  • Favorecimento das atividades intelectuais e mentais;
  • Estimulação das relações sociais e comunicacionais;
  • Integração na comunidade e criação de novos relacionamentos.

(Ribeiro e Paúl, 2011)

Todas as segundas-feiras e quartas-feiras a Delegação da Madeira da Associação Alzheimer Portugal promove atividades de estimulação física e cognitiva, proporcionando aos utentes momentos de descontração, lazer e interação com outros utentes, podendo ainda, dar azo às suas próprias criações, estimulando a sua criatividade. Estas atividades também surgem no âmbito da promoção do descanso do cuidador, facultando cerca de 1 hora e 30 minutos de alívio para os cuidadores.





Enfermeira Mariana Abreu - Delegação da Madeira da Associação Alzheimer Portugal

BIBLIOGRAFIA
RIBEIRO, Oscar e PAÚL, Constança – Manual de Envelhecimento activo. LIDEL, 2011; ISBN: 978-972-757-739-2
Comissão Europeia e Alzheimer Europe – Manual do Cuidador da pessoa com demência. 2ª ed. 2006 – A.P.F.A.D.A. Lisboa
SCHMITZ, Vanessa – Efeitos do exercício físico sobre a funcionalidade dos idosos com demência: um estudo de revisão bibliográfica. Porto alegre, 2011
OLIVEIRA, Aldalan [et. al] – Qualidade de vida em idosos que praticam actividade física – uma revisão sistemática. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2010; 13(2):301-312