O
envelhecimento é um processo que provoca alterações em vários sistemas
funcionais, que acontece de forma progressiva, irreversível e diferencia-se de
um indivíduo para o outro (Antunes et al,
apud Oliveira, 2010). As mudanças
fisiológicas, morfológicas, funcionais, psicológicas e sociais que ocorrem no
envelhecimento normal, diminuem a capacidade individual em manter uma vida ativa
e saudável, influenciando o comportamento da pessoa idosa (Schmitz, 2011).
Segundo
López apud Ribeiro e Paúl, 2011, a
prática de atividade física está intimamente ligada a um envelhecimento
saudável, sendo na inatividade que está a origem de muitas patologias,
particularmente as que estão associadas ao processo de envelhecimento.
Portanto, a atividade física melhora as funções orgânicas e cognitivas,
garantindo maior independência e prevenindo as doenças (Antunes apud Oliveira et al, 2010).
Nos
casos de demência, as perdas motoras são mais acentuadas e surgem precocemente
(Schmitz, 2011). Em específico, na doença de Alzheimer a função motora é
preservada na fase inicial, havendo o deterioramento físico que é predominante na
fase mais avançada da doença (Idem).
Com o passar do tempo a pessoa com Alzheimer sofre a redução da mobilidade,
torna-se cada vez mais lenta, apresentando alteração do tónus muscular, rigidez
e sinais de parkinsonismo (Scherder apud
Schmitz, 2011). No entanto, acredita-se que estas perdas motoras possam ser estabilizadas
com a prática regular de atividade física e, mesmo que não assegure o
prolongamento da vida, garante o bem-estar no quotidiano da pessoa idosa
(Schmitz, 2011).
A
atividade física no doente com demência contribui para que o idoso continue
independente, estimule as suas capacidades mental e física, gaste energia em
excesso e encoraje o sono noturno, ajudando-o a levar uma vida normal, dentro
do possível (Comissão Europeia e Alzheimer Europe, 2006). Deve-se optar por uma
atividade que seja do agrado da pessoa, centrando-nos no prazer que lhe
proporcionará e não no resultado final, como o passear; dançar; jogos de
sociedade (cartas, dominó, loto, etc.); pintar; maquilhar; jardinar; cozinhar entre
outras tarefas domésticas (Idem).
Quanto
mais cedo forem iniciadas as atividades, mantendo uma constante prática, maiores
serão os seus benefícios, que de entre muitos se destacam:
- Aumento da quantidade de endomorfinas (promove o bem-estar);
- Controlo do nível de açúcar no sangue (glicemia), prevenindo a diabetes;
- Redução dos níveis de colesterol “mau”;
- Diminuição da tensão arterial;
- Aumento da qualidade e quantidade do sono;
- Aumento da capacidade cardiocirculatória e respiratória;
- Fortalecimento muscular;
- Redução do risco de obstipação;
- Atraso do aparecimento de alterações posturais, dores nas costas e artroses;
- Melhoramento do sistema imunitário (maior defesa contra infecções);
- Redução do risco de doenças como a obesidade, cancro do cólon e da mama, osteoporose, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas, entre outras;
- Aumento da autoestima e o bem-estar em geral;
- Alívio do stress;
- Redução do risco de depressão;
- Favorecimento das atividades intelectuais e mentais;
- Estimulação das relações sociais e comunicacionais;
- Integração na comunidade e criação de novos relacionamentos.
(Ribeiro
e Paúl, 2011)
Todas
as segundas-feiras e quartas-feiras a Delegação da Madeira da Associação
Alzheimer Portugal promove atividades de estimulação física e cognitiva,
proporcionando aos utentes momentos de descontração, lazer e interação com
outros utentes, podendo ainda, dar azo às suas próprias criações, estimulando a
sua criatividade. Estas atividades também surgem no âmbito da promoção do
descanso do cuidador, facultando cerca de 1 hora e 30 minutos de alívio para os
cuidadores.
Enfermeira Mariana Abreu - Delegação da Madeira da Associação Alzheimer Portugal
BIBLIOGRAFIA
RIBEIRO,
Oscar e PAÚL, Constança – Manual de
Envelhecimento activo. LIDEL, 2011; ISBN: 978-972-757-739-2
Comissão
Europeia e Alzheimer Europe – Manual do
Cuidador da pessoa com demência. 2ª ed. 2006 – A.P.F.A.D.A. Lisboa
SCHMITZ,
Vanessa – Efeitos do exercício físico
sobre a funcionalidade dos idosos com demência: um estudo de revisão
bibliográfica. Porto alegre, 2011
OLIVEIRA,
Aldalan [et. al] – Qualidade de vida em
idosos que praticam actividade física – uma revisão sistemática. Rev. Bras.
Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2010; 13(2):301-312