Música: Mudar, de Rodrigo Leão
Extraído do Álbum Portugal, um retrato social.
Vídeo-resumo das Comemorações do Dia Mundial da Pessoa com a Doença de Alzheimer.
No dia 19 de Setembro foi apresentado ao público as iniciativas que iriam decorrer durante as comemorações. Foi, igualmente, uma oportunidade de ouvir o belo texto da Professora Graça Alves, lido pela própria. De seguida, foi realizada uma visita à exposição As minhas Memórias.
No dia 20 de Setembro tivemos duas actividades no Fórum FNAC. Às 15 h, as psicólogas Letícia Fernandes e Lucília Nóbrega convidaram alguns utentes da Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal e o público presente para participarem na sessão Estimulação Cognitiva em Acção.
Às 19 h, tivemos a tertúlia Será que tenho Alzheimer? Nesta tertúlia, com a presença de Dr. Armando Morganho, Dr.ª Maria João Beja e a Enfermeira Isabel Fragoeiro, perguntas relacionadas com o diagnóstico da Doença de Alzheimer foram respondidas.
No dia 21 de Setembro, começámos o dia com uma actividade para as crianças. Convidámos alunos do 3º e 4º ano da EB1/PE da Terça de Cima para assistirem à dramatização do livro O Pequeno Elefante Memo.
Às 19h do mesmo dia, as Enfermeiras Dina Cardoso e Gilberta Rodrigues deram a conhecer os aspectos facilitadores do dia-a-dia para promover a segurança e a qualidade de vida das pessoas idosas na tertúlia Segurança e aspectos facilitadores doa dia-a-dia.
No dia 22 de Setembro, a Delegação da RAM exibiu o filme Perdida Mente, de Margarida Gil. Este filme antecedeu uma mesa de discussão, com as pessoas que assistiram à exibição, no Fórum FNAC, sobre o filme que conta a história de um homem que vê fugir-lhe as “lembranças”.
Empresta-me as tuas memórias. Esqueci as minhas, no virar da vida, entre o tempo e o nada, num (quase) silêncio de quem já fui.
Conta-me de ti e do amor que te tinha. Acende os meus olhos com a luz dos teus e faz-me lembrar do tempo em que éramos felizes e estávamos juntos e eu te falava da vida e do futuro e do sol que acorda a esperança em cada manhã.
Aperta-me a mão. Dá-lhe, de novo, a vontade de te acariciar o rosto, como se o teu rosto fosse o meu ninho, a coragem de limpar as tuas lágrimas, a habilidade de voltar a enfeitar de flores a tua mesa. Fala-me de do que as minhas mãos sabiam fazer, antes de me perder de mim. Explica-me como nos aconchegávamos no nosso abraço e nos deixávamos levar a galope no bater do nosso coração.
Empresta-me as tuas memórias, meu amor. Diz o meu nome baixinho. Chama-me, outra vez, mãe, pai, amigo, companheira. Mostra-me o mapa de nós. Pode ser que assim…
Constrói comigo a nossa casa, aquela onde fomos nós, na abrangência do que éramos, corpo, espírito, vontade, futuro. Escreve comigo o dia de ontem, a hora que acabou, o poema que não revimos, o romance que não terminámos, o livro que ficou marcado numa página do meio.
Toca a música daquele dia (qualquer um dos nossos dias), como se isso fosse o último canto dos pássaros. Traz-me a tua voz. Preciso dela para me ouvir. Há-de chegar; eu sei que há-de chegar.
Traz-me a mim. Lembra-me o nome que a minha mãe me deu. Lembra-me a forma dos sorrisos e dos sentires. Lembra-me de nós. E não me deixes cair na tentação de te esquecer.
Abraça-me. Só um bocadinho. Diz-me que me amas, mesmo assim.
Não me lembro do teu nome. Mas nunca, nunca me deixes esquecer que moras dentro de mim.
A minha memória és tu.
Graça Alves