sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Visite a Exposição "As minhas Memórias"

De 16 a 25 de Setembro estarão expostas, no corredor do MadeiraShopping, as 24 fotografias seleccionadas para a Exposição "As minhas Memórias". 
Não perca a oportunidade de visitar esta exposição, que pretende ser um tributo de todos os fotógrafos e da Delegação da RAM a quem já perdeu a sua memória. 
Esta Exposição é também um espaço para sensibilizar a população para a temática da doença de Alzheimer, estando disponíveis panfletos, boletins informativos e um DVD sobre a Associação.
Também terá a oportunidade de visitar uma parte da colecção de ampulhetas, com o título de Memória no Tempo, de Gilberta Rodrigues.

Divulgamos no nosso blogue o belo texto de Graça Alves, que poderá encontrar na Exposição, sobre As minhas Memórias: 


Empresta-me as tuas memórias. Esqueci as minhas, no virar da vida, entre o tempo e o nada, num (quase) silêncio de quem já fui.


Conta-me de ti e do amor que te tinha. Acende os meus olhos com a luz dos teus e faz-me lembrar do tempo em que éramos felizes e estávamos juntos e eu te falava da vida e do futuro e do sol que acorda a esperança em cada manhã.


Aperta-me a mão. Dá-lhe, de novo, a vontade de te acariciar o rosto, como se o teu rosto fosse o meu ninho, a coragem de limpar as tuas lágrimas, a habilidade de voltar a enfeitar de flores a tua mesa. Fala-me de do que as minhas mãos sabiam fazer, antes de me perder de mim. Explica-me como nos aconchegávamos no nosso abraço e nos deixávamos levar a galope no bater do nosso coração.


Empresta-me as tuas memórias, meu amor. Diz o meu nome baixinho. Chama-me, outra vez, mãe, pai, amigo, companheira. Mostra-me o mapa de nós. Pode ser que assim…


Constrói comigo a nossa casa, aquela onde fomos nós, na abrangência do que éramos, corpo, espírito, vontade, futuro. Escreve comigo o dia de ontem, a hora que acabou, o poema que não revimos, o romance que não terminámos, o livro que ficou marcado numa página do meio.


Toca a música daquele dia (qualquer um dos nossos dias), como se isso fosse o último canto dos pássaros. Traz-me a tua voz. Preciso dela para me ouvir. Há-de chegar; eu sei que há-de chegar.


Traz-me a mim. Lembra-me o nome que a minha mãe me deu. Lembra-me a forma dos sorrisos e dos sentires. Lembra-me de nós. E não me deixes cair na tentação de te esquecer.


Abraça-me. Só um bocadinho. Diz-me que me amas, mesmo assim.


Não me lembro do teu nome. Mas nunca, nunca me deixes esquecer que moras dentro de mim.


A minha memória és tu.


Graça Alves




Não se esqueça, visite a Exposição As minhas Memórias! 

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